No auge da crise do Covid-19 no dia 14/05, o dólar chegou no nível nominal recorde de R$ 5,97, numa alta de quase 50% em 90 dias. Logo após em apenas 17 dias ele teve uma expressiva queda de 20%, chegando em R$ 4,82 no dia 08/06.
Como era de se esperar ele não conseguiu ficar abaixo dos R$ 5,00 e rapidamente voltou a subir e ficou trabalhando em um range de R$ 5,60 e R$ 5,20. Em uma alta mais expressiva ele chegou a buscar R$ 5,81 no dia 30/10 e logo após depois de uma semana já tinha caído quase 10% na faixa de R$ 5,23, chegando a testar os R$ 5,00 no dia 14/12.
Bom, depois desse pequeno retrospecto da nossa querida e volátil moeda, da para ver um padrão quando o dólar engata uma alta muito forte. Logo após vem uma correção bastante aguda, seja por intervenções do Banco Central, desvalorização mundial do dólar ou sinalizações vindo de Brasília para acalmar os ânimos dos investidores.
Nesse momento em que estamos com casos de Covid aumentando, possíveis intervenções políticas em estatais, volta do auxílio emergencial (ainda sem saber se vai ocorrer algum corte de gastos para contraparte), briga entre os poderes e uma forte alta nos Bonds soberanos, estamos vendo uma nova alta forte no dólar, que já acumula uma alta de 10% no ano de 2021, sendo 6% apenas na última semana, batendo máxima no R$ 5,74 no momento em que escrevo esse artigo no dia 02/03.
E agora José? Dólar vai continuar forte? Existem alguns fatores que poderiam fazer o dólar romper os R$ 6,00, mas o principal no momento é o Banco Central. Já é consenso no mercado uma elevação nos juros agora em Março, mas o principal não é nem o quanto se sobe e sim qual vai ser o recado dado pelo Copom. Espera-se uma postura mais firme do BC (Hawkish) e caso ele "desaponte" e mostre o contrário (Dovish), pode se ver um estresse no câmbio fazendo ele testar a faixa importante dos R$ 6,00. Claro que existem outros fatores a contribuir, tanto internos (reformas, privatizações, ruídos, covid) como externos (alta dos bonds soberanos, pacotes fiscais, tensões geopolíticas) , mas levando em conta que o Real foi a pior moeda de 2020 e continua com esse posto em 2021, nos leva a crer que os juros artificialmente baixos seria o principal culpado, já que seus pares também tiveram uma desvalorização no auge da crise, mas conseguiram recuperar e até ficarem no positivo no ano de 2020. Então uma elevação dos juros, seguido de um comunicado mais firme, poderia dar uma acalmada na moeda, diminuindo sua volatilidade e quem sabe entrar em outra onda de correção, buscando a casa dos R$ 5,00.
*Dados sobre variação do dólar retirados Dólar Futuro*
Estou apostando no dólar a r$6,00 até outubro, mas talvez leve até o final do ano, mas importante não é cravar a data, e sim saber que no longo prazo ficar dolarizado neste cenário é muito mais vantagem 👍🏼