[ EN | PT] Ash Purgatory | Purgatório de cinzas
A fiction story
English Version
The man entered the church, completely empty, and, adjusting the collar of his coat, sat down near the altar waiting for the priest. His fingers caressed the wood of the bench with a certain affection, showing a certain affection for the sacred environment, but the tremor in his lower lip showed his tension.
The priest entered calmly and calmly through the side door of the altar, bowed to the holy corpse of Christ, and, when he had finished, turned towards the man, with a look of pity.
“What brings you here again, my good man?” - the priest says, even knowing the answer
"Father, I believe I have already served my time" - the man said, shaking uncontrollably.
“Follow me, son” - the priest starts walking towards the church exit
The two walked in silence to the door, and slowly opened it, revealing, amid creaks, a vast expanse of black lands, dimly lit by a crimson moon. the priest's robes are replaced by golden clothes, and the man's by rags.
“What do you see?” says the priest.
“I see men suffering”, replies the man
“And why do they suffer?”
“For their mistakes in life”
“They suffer for having disrespected the word of God,” the priest corrected him. “What did you do more than them? How much more did you suffer than they did?”, he reinforced, this time aggressively.
"But I…"
“Do you want sincerity? 'But me' is the fuck, you died 2 minutes ago, and everyone who comes in has the same shitty little speech. Do you know how long I have been receiving the damned souls?”
"Is that…"
“Five thousand years, Juan, five thousand years, and it's not the first time I've come across a turd who sold drugs in a school here”, the priest began to get nervous. "I've heard every, and I repeat, every excuse possible, so you better shut up"
“But what do you mean two minutes? I've been here for about forty years."
“Forty years is my egg, have you forgotten that time here passes differently? You're still on that hospital table and soon they'll revive you again. There you can get your second chance, here you better get back to your pity before I get angry.”
The man turned his back on the priest and started down the long basalt stairs that adorned the church's facade as he watched the black sky adorned with a phosphorescent red mist. His fingers, completely calloused from years of working the ash floor of purgatory, were completely red and crooked, and the ocean of reddish waters and the smell of congealed blood brought an uncomfortable salty air to his lungs. The surgery would still take half an hour, and it would be half an hour before they made his heart beat again, then it would be another half hour in this place, He would live a few more lives inside this hell, this prison, until he could finally return, and try to have a different life.
His long, bony fingers clung together in a single mass around the spear embedded in the ash floor at the foot of the stairs as he tried to sniff the air for those beings who tore the flesh of those who punished those who ended up in the space between life. is the death. Strangely shaped beings, full of vines and tentacles all over their bodies, with thousands of eyes, with mouths inside their eyes, and other unnatural looking creatures that were eons ago from creation lurked to tear apart those beyond life.
From a hole in the ash emerged the body of a man. Both those who had just left the world of the living and those who had been devoured were destined to be reborn from the ground of ash, to repay countless ages for their sins.
The man sat at the foot of the stairs and watched another sunset. The red sun in the middle of the completely black sky disappearing behind the sea of blood, with, sporadically, a large sea dragon named Leviathan leaping over the waves.
One more night…
Versão em Português
O homem entrou na igreja, completamente vazia, e, ajeitando a gola do paletó, se sentou próximo ao altar aguardando o padre. Seus dedos acariciam a madeira do banco com certo carinho, mostrando certo carinho pelo ambiente sacro, mas o tremor em seu lábio inferior transparecia sua tensão.
O padre entrou de forma calma e tranquila pela porta lateral do altar, fez uma reverência ao cadáver santo de Cristo, e, ao terminar, se virou na direção do homem, com um olhar de piedade.
“O que te traz aqui novamente, meu bom homem?” - o padre diz, mesmo sabendo a resposta
“Padre, eu acredito que já cumpri minha pena” - o homem falou, tremendo descontroladamente
“Me siga, filho” - o padre começa a caminhar em direção a saída da igreja
Os dois caminharam em silêncio até a porta, e a abriram lentamente, mostrando, em meio a rangidos, uma grande vastidão de terras negras, iluminadas fracamente por uma lua carmesim. as vestes do padre são substituídas por roupas douradas, e as do homem, por trapos.
“O que você vê?”, diz o padre
“Vejo homens sofrendo”, responde o homem
“E por que sofrem?”
“Por seus erros em vida”
“Eles sofrem por terem desrespeitado a palavra de Deus”, o padre lhe corrigiu. “O que você fez a mais que eles? O quanto você sofreu a mais que eles?”, reforçou, dessa vez de forma agressiva
“Mas eu…”
“Quer sinceridade? ‘Mas eu’ é o caralho, você morreu faz 2 minutos, e todo mundo que vem tem o mesmo discursinho de merda. Você sabe a quanto tempo eu recepciono as almas condenadas?”
“É que…”
“Cinco mil anos, Juan, cinco mil anos, e não é a primeira vez que eu encontro um bosta que vendia droga em colégio aqui”, o padre começou a ficar nervoso. “Eu já ouvi todas, e eu repito, todas as desculpas possíveis, então é melhor você calar a boca”
“Mas como assim dois minutos? Eu tô aqui faz uns quarenta anos”
“Quarenta anos é meu ovo, esqueceu que o tempo aqui passa diferente? Você ainda tá em cima daquela mesa de hospital e logo logo vão te reanimar de novo. Lá que você pode ter sua segunda chance, aqui é melhor você voltar para sua pena antes que eu me irrite”
O homem deu as costas para o padre e começou a descer a longa escada de basalto que adornava a fachada da igreja enquanto observava o céu negro adornado com uma névoa vermelha fosforescente. Seus dedos, completamente calejados pelos anos de trabalho no solo de cinzas do purgatório, estavam completamente vermelhos e tortos, e o oceano de águas avermelhadas e com cheiro de sangue coagulado trazia uma maresia desconfortável para seus pulmões. A cirurgia ainda demoraria meia hora, e seria meia hora até que fizessem seu coração voltar a bater, então seria mais meia hora nesse lugar, Ele viveria mais algumas vidas dentro desse inferno, dessa prisão, até que finalmente pudesse retornar, e tentar ter uma vida diferente.
Seus dedos compridos e ossudos se uniam como uma massa única ao redor da lança cravada no solo de cinzas ao pé da escadaria enquanto ele tentava farejar no ar a presença daqueles seres que rasgavam a carne daqueles que puniam os que acabavam parando no espaço entre a vida e a morte. Seres de formas estranhas, cheias de vinhas e tentáculos por seu corpo, com milhares de olhos, com bocas dentro dos olhos e outras criaturas de aparência não natural que foram há muitos éons da criação espreitavam para destroçar aqueles que se encontravam além da vida.
De um buraco nas cinzas emergia um corpo de um homem. Tanto aqueles que haviam acabado de deixar o mundo dos vivos quanto aqueles que haviam sido devorados tinham como destino renascer do solo de cinzas, para voltar a pagar por incontáveis eras por seus pecados.
O homem se sentou ao pé da escada e observou mais um pôr do sol. O sol vermelho em meio ao céu completamente negro sumindo por detrás do mar de sangue, com, esporadicamente, um grande dragão marinho de nome Leviathan saltando por cima das ondas.
Mais uma noite…